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O blogue da Biblioteca António Nobre, Biblioteca Escolar da Escola Secundária da Boa Nova – Leça da Palmeira, é um instrumento de atuação que deseja responder às necessidades de uma sociedade cada vez mais digital como aquela em que hoje vivemos e, simultaneamente, ajudar a minorar os constrangimentos provocados pela impossibilidade de se prestar um serviço presencial permanente.

21 outubro 2024

Público na Escola

10:53 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

Webinar “Da tua biblioteca ao público – Isto também é comigo!”




        Três turmas do ensino secundário assistiram, terça-feira, 15 de outubro, ao webinar “Da tua biblioteca ao público – Isto também é comigo!”.

    Foi uma atividade de educação mediática que permitiu a partilha de experiências, tendo sido dado um enfoque particular à importância da leitura dos jornais e ao desenvolvimento da manifestação da opinião enquanto fator determinante numa sociedade democrática e um incentivo ao exercício da cidadania.

        Fazer-se ouvir é importante!

        Estar bem informado é ter poder!


17 outubro 2024

Poesia de António Ramos Rosa

11:47 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 

Não posso adiar o amor para outro século

não posso

ainda que o grito sufoque na garganta

ainda que o ódio estale e crepite e arda

sob montanhas cinzentas

e montanhas cinzentas


Não posso adiar este abraço

que é uma arma de dois gumes

amor e ódio


Não posso adiar

ainda que a noite pese séculos sobre as costas

e a aurora indecisa demore

não posso adiar para outro século a minha vida

nem o meu amor

nem o meu grito de libertação


Não posso adiar o coração


O FUNCIONÁRIO CANSADO

A noite trocou-me os sonhos e as mãos

dispersou-me os amigos

tenho o coração confundido e a rua é estreita  

estreita em cada passo  

as casas engolem-nos  

sumimo-nos  

estou num quarto só num quarto só  

com os sonhos trocados  

com toda a vida às avessas a arder num quarto só


Sou um funcionário apagado  

um funcionário triste 

a minha alma não acompanha a minha mão  

Débito e Crédito Débito e Crédito  

a minha alma não dança com os números  

tento escondê-la envergonhado  

o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente  e debitou-me na minha conta de empregado  

Sou um funcionário cansado dum dia exemplar

Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?

Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?


Soletro velhas palavras generosas

Flor rapariga amigo menino  

irmão beijo namorada  

mãe estrela música


são palavras cruzadas do meu sonho  

palavras soterradas na prisão da minha vida  

isto todas as noites do mundo uma noite só comprida  

num quarto só 


O grito claro 

De escadas insubmissas

de fechaduras alerta

de chaves submersas

e roucos subterrâneos

onde a esperança enlouqueceu

de notas dissonantes

dum grito de loucura

de toda a matéria escura

sufocada e contraída

nasce o grito claro



ESTOU VIVO E ESCREVO SOL

Eu escrevo versos ao meio-dia e a morte ao sol é uma cabeleira  que passa em frios frescos sobre a minha cara de vivo  

Estou vivo e escrevo sol


Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam  

no vazio fresco  é porque aboli todas as mentiras  

e não sou mais que este momento puro  

a coincidência perfeita 

no ato de escrever e sol


a vertigem única da verdade em riste  

a nulidade de todas as próximas paragens  

navego para o cimo  

tombo na claridade simples  

e os objetos atiram suas faces  

e na minha língua o sol trepida


Melhor que beber vinho é mais claro  

ser no olhar o próprio olhar  

a maravilha é este espaço aberto  

a rua  

um grito  

a grande toalha do silêncio verde

António Ramos Rosa

11:47 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

António Ramos Rosa

1924 - 2024

“Estou vivo e escrevo sol”



        António Vítor Ramos Rosa foi um poeta e crítico literário autor de uma das obras poéticas mais extensas e marcantes da poesia portuguesa contemporânea. Foi empregado de escritório, tradutor, deu explicações, e foi, ainda desenhador. Desenvolveu, igualmente, uma enorme atividade nos domínios da teorização e da criação poética e esteve ligado a publicações literárias importantes na década de 50, como Árvore, Cassiopeia ou Cadernos do Meio-Dia, publicações que se caracterizaram pela sua independência relativamente às diversas estéticas que marcam aquele período e pelo respeito pela qualidade estética dos trabalhos literários que eram publicados.

Valorizando a troca de experiências entre os diferentes poetas com quem se cruzou, Ramos Rosa dizia ter a “firme convicção de que a poesia não é o fruto de uma aventura verbal, mas uma constante inquirição do que na palavra é a dimensão do ser, ou seja, o que, transcendendo a palavra, é a palavra viva do desconhecido que a promove e que, por seu turno, é o seu incessante termo." (ROSA, António Ramos, "Um Espaço Indispensável à Poesia", in Letras & Letras, n.º 56, outubro de 1991).

Com uma obra poética imensa, António Ramos Rosa trabalhou muito sobre a linguagem sem nunca esquecer o empenhamento cívico.

A sua poesia é marcada pelo depuramento da linguagem, uma procura constante pela palavra exata e simples, transparente, mas assumindo uma função simbólica, num lirismo exigente e atento ao poder da palavra, arma denunciadora da opressão e defensora da liberdade. É uma poesia com despreocupação rimática, irregularidade estrófica e métrica, em que a metáfora marca presença de forma destacada.

António Ramos Rosa, o poeta que dedicou toda a sua vida à poesia, nasceu a 17 de outubro de 1924, em Faro, no Algarve, e morreu a 23 de setembro de 2013, em Lisboa.

 

Prémios recebidos 

Prémio Literário da Casa da Imprensa, 1971 

Prémio da Fundação de Hautevilliers para o Diálogo de Culturas  (Prémio de Tradução), 1976

Prémio PEN Clube Português de Poesia, 1980

Prémio Nicola de Poesia, 1986 

Prémio Jacinto do Prado Coelho, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, 1987 

Prémio Fernando Pessoa, 1988

Grande Prémio de Poesia APE/CTT, 1989

Prémio da Bienal de Poesia de Liége, 1991

Prémio Jean Malrieu para o melhor livro de poesia traduzido em França, 1992

Prémio Municipal Eça de Queiroz, da Câmara Municipal de Lisboa (Prémio de Poesia), 1992 

Grande Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen, 2005

Grande Prémio de Poesia Associação Portuguesa de Escritores/CTT - Correios de Portugal, 2006 

Prémio Luís Miguel Nava, 2006.


Principais obras

O Grito Claro, 1958

Viagem Através duma Nebulosa, 1960

Voz Inicial, 1961

Sobre o Rosto da Terra, 1961

Poesia, Liberdade Livre, 1962

Ocupação do Espaço, 1963

Terrear, 1964

Estou Vivo e Escrevo Sol, 1966

A Construção do Corpo, 1969

Nos Seus Olhos de Silêncio, 1970

A Pedra Nua, 1972

Não Posso Adiar o Coração  (vol.I, da Obra Poética), 1974

Animal Olhar  (vol.II, da Obra Poética), 1975

Respirar a Sombra  (vol.III, da Obra Poética), 1975

Ciclo do Cavalo, 1975

Boca Incompleta, 1977

A Imagem, 1977

A Palavra e o Lugar, 1977

As Marcas no Deserto, 1978

A Nuvem Sobre a Página, 1978

Figurações e Círculo Aberto 1979

A Poesia Moderna e a Interrogação do Real  (1979 -1980)

O Incêndio dos Aspetos, 1980

Declives e Le Domaine Enchanté, 1980

Figura: Fragmentos e  As Marcas do Deserto, 1980

O Centro na Distância, 1981

O Incerto Exato, 1982

Quando o Inexorável e Gravitações, 1983

Dinâmica Subtil, 1984

Ficção e Mediadoras, 1985

Volante Verde, Vinte Poemas para Albano Martins e Clareiras, 1986

No Calcanhar do Vento, 1987

O Livro da Ignorância e O Deus Nu(lo), 1988

Três Lições Materiais e Acordes, 1989

Duas Águas, Um Rio  (colaboração com Casimiro de Brito)

O Não e o Sim, Facilidade do Ar e Estrias, 1990

A Rosa Esquerda e Oásis Branco, 1991

Pólen- Silêncio e  As Armas Imprecisas, 1992

Clamores e Dezassete Poemas, 1992

Lâmpadas Com Alguns Insetos, 1993

O Teu Rosto e O Navio da Matéria, 1994

Três, 1995

Delta e Figuras Solares, 1996

Nomes de Ninguém e Versões/Inversões, 1997

À mesa do vento seguido de As espirais de Dioniso, 1997 

A imagem e o desejo e A imobilidade fulminante, 1998

Pátria soberana, seguido de Nova ficção, 1999

O princípio da água, 2000

As palavras, Deambulações oblíquas e O aprendiz secreto, 2001

O deus da incerta ignorância seguido de Incertezas ou evidências, 2001

Os volúveis diademas, Cada árvore é um ser para ser em nós e O sol é todo o espaço, 2003

Os animais do sol e da sombra seguido de O corpo inicial, 2003 

Meditações metapoéticas, em colaboração com Robert Bréchon, 2003 

O que não pode ser dito, 2003

Relâmpago do nada, 2004

Bichos, em colaboração com Isabel Aguiar Barcelos, 2005

Génese seguido de Constelações, 2005

Vasos Comunicantes, Diálogo Poético com Gisela Ramos Rosa, 2006

Horizonte a Ocidente e Rosa Intacta, 2007

Prosas seguidas de diálogos  (única obra em prosa), 2011

Numa folha, leve e livre, 2013


14 outubro 2024

Han Kang - Nobel da Literatura 2024

11:49 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

Han Kang 

Nobel da Literatura 2024






        “Os seres humanos não hesitam em dar a sua própria vida para salvar uma criança que caiu na linha do comboio, mas também são autores de violências terríveis, como em Auschwitz. O vasto espetro da humanidade, que vai do sublime ao brutal, tem sido para mim, desde criança, um problema difícil e trabalhoso. Pode dizer-se que os meus livros são variações sobre este tema da violência humana".

        Palavras da escritora, em 2016, à “The White Review”.


        Han Kang nasceu em Gwangju, na Coreia do Sul, em 1970. Tornou-se romancista em 1995, vencendo anos mais tarde o Korean Fiction Award. 
      Em 2007, escreveu “A Vegetariana”, romance publicado em Portugal pela Dom Quixote. Com este livro, recebeu o Man Booker International Prize, em 2016. 
    “Lições de Grego”, “O Livro Branco” e “Atos Humanos” são outros dos seus livros, igualmente, publicados em Portugal e pela mesma editora.

03 outubro 2024

Mês Internacional das Bibliotecas Escolares

10:32 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 


        Outubro é o Mês Internacional da Biblioteca Escolar (MIBE),  uma celebração que ocorre todos os anos, nas bibliotecas escolares em todo o mundo, sendo um momento que permite salientar a importância do trabalho das bibliotecas que são, sem dúvida, um espaço fundamental das escolas.

Em Portugal, o Dia da Biblioteca Escolar assinala-se na quarta segunda-feira do mês de outubro. Em 2024, será, então, no dia 28 e o tema para este ano já está lançado:

                        Bibliotecas Escolares: a ligar comunidades!

 

Esteja atento!

Visite a Biblioteca António Nobre!

19 setembro 2024