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09 julho 2025

Temos poeta!

10:45 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments



        Poemas sob inspiração do estudo da Mensagem e dos poetas contemporâneos.





        Respondendo ao desafio da professora de Português, o aluno Diogo Alves, do 12.º B, deu asas à sua inspiração...

Saudade de te ver como grande.
Vejo-te agora como mais um dos ignorantes.
O sangue dos heróis escorreu para chegar às tuas veias
E tu, suspenso no tempo,
Dás como aproveitado todos os momentos
Mesmo que os passes a fazer o mesmo d'antes...

Tornáste-te espectador da vida,
Um cadáver adiado que procria.
És filho de tudo mas és nada.
Tu, que tens tudo de mão beijada,
Que sobrevives das papas dos imolados,
Apenas ficas, pois és coitado.

Com escolaridade, mas ignorante...
Com igualdade, mas sempre fadigado...
Sem curiosidade vês como rei quem te mente e não que sabe.

Herói do mar, onde andas tu?
Perdido nos genes desta amostra de português?
Onde andam os Viriatos e as Padeiras?
Por onde rumam os Henriques e as Vilhenas?
Pois não os vejo no meio destas almas pequenas
Que me fazem sentir vergonha de ser fio do mesmo pano...

Mas no melhor pano cai a nódoa, já muitos dizem,
E nos tempos em que vivemos,
Em que a nódoa do mundo é o humano,
Devíamos ser o sabão que cheira a cravos
Que orgulharia qualquer velho Lusitano!



Obra: O Email


Parte I-Estado-Velho


-Afogar as mágoas-

A cerração cobre o Porto.
Levanto-me, sei que é dia.
Acordo e sonho em estar morto
Boiando na água fria.

Eu queria mais na vida
Que nascer, pescar, morrer,
Mas o estado intimida 
Quem anseia livre ser.

'Tou preso em liberdade
Ou falso sentido dela
Não posso dizer verdades,
Há ouvidos à janela.

Por isso, sim, conformei-me
Em ser mais outro pescador
Não sobrevive quem teime
Que derrota o ditador.



-Traição e ventos-

Ai, que estou tão cansado e sonolento,
Já nem vou dormir a pensar no preso:
Traidores como à nau traiu o vento
Naufragando-a em tão mar aceso.

Clandestinamente, vivem ao lado
Dos patriotas de intenção pura.
Porém, por estes foi denunciado
Interrogado e suportou tortura.

A mente curiosa assim se cura,
Menos se for mulher de formosura
(Nesse caso é melhor aproveitar
Para vingar a semana dura).

-Penumbra-

Atenção, soldados novos!
Para Angola irão lutar.
Vão tornar-se heróis dos povos,
Veteranos d'Ultramar!

Devem levar neste saco
A foto de Salazar,
Aquecê-la com casacos
E beijá-la ao acordar!

Pois senão ele saberá,
É homem omnisciente
E diz constantemente
"É connosco que Deus está"!

Com ele como protetor
Nenhum de vós morrerá!
Agradeçam ao Doutor
Que a pátria salvará!




-A zanga do homem comum-

Já me fartei de te ouvir,
Não é de hoje, já faz tempo.
Pr'África não torno a ir,
Lá é um esmorecimento...

Envias-nos pra' suprir
Teu ego com sofrimento,
Pois pra mim acaba aqui,
Aqui jaz o teu momento!

Os cidadãos passam fome
E tu aí, no pedestal.
Não há quem cante ou dançe
Por medo que aches mal.

Um político se some
Pra ir morrer a Tarrafal.
Censuras o que pensamos
Tiras vida a Portugal.


-Germinação-

Fogo do peito, aquece
Os calos da minha mão.
És só tu quem permanece,
incessável combustão.

És só tu quem nunca esquece
Quem perdeu a vida em vão.
Enquanto a tua chama cresce
Os cravos germinarão.

A eles fogo apetece,
Vontade em flor, vivos estão.




Parte II-A vontade

-A vontade das flores-

Tejo, que cruzas montanhas
Que se estendem em cadeias
Que suportam as aldeias,
Dizei-lhes para avisar
As flores lindas e feias
Pra que falem com o lobo
E que este peça a alcateias
Que uivem um feliz choro
Ao comer das nossas ceias
E o povo ouça o que soa
Com suas barrigas meias:
"Somos livres em Lisboa,
Deus ouviu nossas ideias!".




Parte III- HOMO ERETUS LUSITANIUS PRESENTIS (HELP)

-E depois dos heróis?-

Alguém nos parou no tempo,
Porque aqui não muda nada!
Estamos à espera do vento
Da já soprada nortada?
Ou talvez seja o momento
Da próxima alvorada...
Está na hora de agir,
De andar, fazer-se à estrada!
A nação vai sucumbir 
Se continuar parada...
Só idêntica não está
Porque rocha abandonada
Tão nua neste frio mar
Vai ficando desgastada.
Olhem à volta. Agora
Para nós. Somos piada
Na Europa. Olhai pra antes
Estamos sob a mesma alçada.
Governados por meliantes,
Os reis da chiqueirada.
Todos querem sua parte
Inerente a ter bancada,
Mas não há quem tome conta
Da população roubada.
Cinquenta anos passaram,
os heróis foram morrendo,
Mas se dos céus nos encaram
De impressão se vão torcendo.
Guiados por inação
Ou teatros sem enredo,
Esquecemos o coração,
Esquecemos o que é ter medo.



-5 Sentidos-

Crédulo de tanta crença,
Cegamente, alheio a estudos,
Impor-nos-ás a sentença
De ser de quem nos quer mudos...

D'aquele que mostra tudo
Com uma lente que o disfarça,
Que esconde e finge ser surdo
Quanto aos gritos da desgraça.

Freio dado a mãos sem tato
Fará virar a carroça,
E tu, cavalo ingrato,
Cairás, como eu, na fossa...


Parabéns, Diogo!

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