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26 maio 2025

Engenho e Arte - Celebrar Camões

11:18 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 A música das palavras...as palavras da música



        Mais uma vez, aliámos a música às palavras e celebramos a poesia de um grande escritor, porventura o maior escritor português, um escritor clássico da nossa literatura. E clássico porquê? Porque um texto clássico é sempre o mais moderno dos textos e Camões é, ainda hoje e volvidos os 500 anos do seu nascimento, um autor que nos interpela e que nos fala como só os grandes escritores, os grandes poetas falam. Ele fala-nos acerca de angústias, esperanças, desesperos, inquietações e sentimentos, mas também sobre a Natureza, a mudança, a preocupação em relação ao mundo que o rodeia e aos valores que o norteiam, dúvidas filosóficas, questões religiosas.

        E é toda esta riqueza, toda esta variedade, este olhar o mundo de uma perspetiva inovadora que torna Camões tão atual e tão próximo de nós.

        E Camões, que viveu uma grande parte da sua vida desterrado, a partir da sua errância, deu-nos um novo olhar sobre o mundo, repensou Portugal e a condição de ser português, fundando os alicerces de uma língua, de uma literatura e de uma identidade cultural - veja-se a sua obra Os Lusíadas. Nenhuma outra epopeia é tão autêntica: tão carregada de vida, de destino, de história vivida, experimentada e sofrida. Nenhuma outra epopeia sintetiza tão bem a vida de um povo.

        Numa época em que muitas vezes o facilitismo, o efémero, a superficialidade são valorizados, estudar esta obra que põe a tónica na necessidade de esforço, de empenho, de entrega para se alcançar algo, sublinhando a importância do estudo e mostrando que o sacrifício faz parte da vida, que as lágrimas são o reverso da vitória, dando à vida uma dimensão mais profunda, é obviamente, fundamental no percurso dos adolescentes, contribuindo para a sua plena formação.

        Mas Camões escreveu também muitas Rimas, algumas das quais se ouviram neste momento poético.

        O nosso espetáculo teve três momentos que se seguiram um após outro harmoniosamente. Foram lidos textos de Manuel Alegre, de Bocage, de Sophia de Mello Breyner Andresen, de Miguel Torga, de Vasco Graça Moura e de José Tolentino Mendonça. Estes textos refletem uma pequena amostra do legado/influência de Luís de Camões. Ouviram-se, igualmente, uns excertos de Os Lusíadas, assim como alguma da sua poesia lírica.

        Foi, pois, nesse mundo de poesia, épica e lírica, que mergulhamos durante uma hora e meia, no espaço da Quinta de Santiago, um lugar privilegiado de Leça da Palmeira, localizado tão perto do mar e um espaço que acolhe arte e cultura. Por isso, e porque a vida de Luís Vaz de Camões esteve sempre ligada ao mar e ao mar longínquo do Oriente, citar José Tolentino Mendonça vem a propósito: “A poesia é um guia náutico perpétuo; é um tratado de marinhagem para a experiência oceânica que fazemos da vida; é uma cosmografia da alma.”

        Muito obrigada, a todos que quiseram partilhar connosco esta aventura poética…





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