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12 junho 2025

"Esta é a ditosa pátria minha amada"

11:21 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 

10 de Junho , Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas



        O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra a data de 10 de junho de 1580, data da morte do grande poeta Luís Vaz de Camões.

        A primeira referência ao dia 10 de junho com caráter festivo é no ano 1880 por um decreto real de D Luís I que declara "Dia de Festa Nacional e de Grande Gala" para comemorar, apenas nesse ano, os 300 anos da hipotética data da morte de Luís de Camões, 10 de junho de 1580. Só a 4 de janeiro de 1952 se procede à revisão dos feriados nacionais através do Decreto n.º 38.596. Este institui o dia 10 de Junho como "Dia de Portugal", consagrado à Festa Nacional, comemorativo de Camões, pelo alto valor nacional e pela projeção universal da obra do nosso grande poeta, na qual se consubstanciam os feitos heroicos dos Descobrimentos.


CAMÕES

Nem tenho versos, cedro desmedido,
Da pequena floresta portuguesa!
Nem tenho versos, de tão comovido
Que fico a olhar de longe tal grandeza. 

Quem te pode cantar, depois do Canto
Que deste à pátria, que to não merece?
O sol da inspiração que acendo e que levanto,
Chega aos teus pés e como que arrefece.

Chamar-te génio é justo, mas é pouco.
Chamar-te herói, é dar-te um só poder.
Poeta dum império que era louco,
Foste louco a cantar e louco a combater.

Sirva, pois, de poema este respeito
Que te devo e professo,
Única nau do sonho insatisfeito
Que não teve regresso!

Miguel Torga



não sei se o camões hoje 

não sei se o camões hoje teria escrito as suas rhythmas, 
começa porque não saberia ao certo quais eram e então não havia camonistas 

para discutirem a questão. e depois talvez não valesse a pena 
falar àquela gente. e os auditórios têm limites de paciência.

por exemplo, o dia em que eu nasci moura e pereça, 
diz-me o aguiar e silva, não é dele quase de certeza. 
e eu respondo: é tão bom que tem mesmo de ser dele. 
e o vítor ri, exclamando: você já está como o faria e sousa.

a ironia desta conversa é que ela se passava 
no instituto camões, calcule-se, somos ambos do conselho geral, 
tratando da expansão da língua portuguesa 
que se mais mundo houvera lá chegara

e estava uma tarde esplêndida de janeiro 
e se o camões estivesse ali não havia de acreditar 
que um de nós estivesse prestes a tirar-lhe um soneto 
o mais doutamente possível e o outro lho quisesse devolver,

invocando-lhe o som, a fúria e o sentido, 
nem que há séculos que as coisas se vão passando assim, 
tirando e pondo, invocando lições e testemunhos, 
e uns gajos de nome germânico, lachmann, storck,

e mais alguns. a moral da história é que um verso de camões 
com pouca variação é sempre um verso de camões, 
é a coisa mais bela e mais difícil do mundo 
e dá cá uma guinada tão especial que só pode ser dele.

Vasco Graça Moura

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