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26 abril 2022

25 de abril

09:59 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments


 TROVAS DO MÊS DE ABRIL

Foram dias foram anos a esperar por um só dia.

Alegrias. Desenganos. Foi o tempo que doía

com seus riscos e seus danos. Foi a noite e foi o dia

na esperança de um só dia.


Foram batalhas perdidas. Foram derrotas vitórias.

Foi a vida (foram vidas). Foi a História (foram histórias)

mil encontros despedidas. Foram vidas (foi a vida)

por um só dia vivida.


Foi o tempo que passava como nunca se passasse.

E uma flauta que cantava como se a noite rasgasse

toda a vida e uma palavra: liberdade que vivia

na esperança de um só dia.


Musa minha vem dizer o que nunca então disse

esse morrer de viver por um dia em que se visse

um só dia e então morrer. Musa minha que tecias

um só dia dos teus dias.


Vem dizer o puro exemplo dos que nunca se cansaram

musa minha onde contemplo os dias que se passaram

sem nunca passar o tempo. Nesse tempo em que daria

a vida por um só dia.


Já muitas águas correram já muitos rios secaram

batalhas que se perderam batalhas que se ganharam.

Só os dias morreram em que era tão curta a vida

por um só dia vivida.


E as quatros estações rolaram com seus ritmos e seus ritos.

Ventos do Norte levaram festas jogos brincos ditos.

E as chamas não se apagaram. Que na ideia a lenha ardia

toda a vida por um dia.


Fogos-fátuos cinza fria. Musa minha que cantavas

a canção que se vestia com bandeiras nas palavras:

Armas que o tempo tecia. Minha vida toda a vida

por um só dia vivida.

 

                                                                         Manuel Alegre


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