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12 junho 2025

Jovem escritora, e aluna da ESBN, apresenta o seu livro na Biblioteca António Nobre

13:42 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 Jovem escritora, e aluna da ESBN, apresenta o seu livro na Biblioteca António Nobre


        Nádia Sofia Silva Pinto, aluna do 10.º A, apresentou, hoje, na Biblioteca António Nobre o seu livro “Cetro Iníquo – As crónicas da coroa”. Perante uma plateia atenta e variada, a Nádia respondeu a muitas questões levantadas por alunos e professores e falou da sua experiência de leitura e escrita, das suas aspirações e dos seus projetos, levando todos os presentes a mergulhar no ambiente de fantasia e romance que estão presentes no seu livro.

        Que bom foi ouvir esta jovem falar tão intensamente da sua necessidade de ler todos os dias! Com o seu testemunho, entusiasmou muitos dos jovens que a ouviram e que manifestaram o seu apreço pela coragem da partilha.


        Parabéns, Nádia! 

        Que este livro seja o primeiro de muitos!









Alunos do CAA ouvem uma história na Biblioteca António Nobre

12:32 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 Alunos do CAA ouvem uma história na Biblioteca António Nobre



        Os alunos do CAA vieram à Biblioteca Escolar para ouvirem uma história que os ajudou a conhecer melhor Matosinhos e Leça da Palmeira.

        Tendo como ponto de partida a Escola, os alunos aventuraram-se por espaços emblemáticos de Leça da Palmeira e de Matosinhos, alargando horizontes e referências culturais. 

        E, mais uma vez, deram largas à sua criatividade e fizeram umas lindas ilustrações a partir da história que ouviram!

        Parabéns aos nossos artistas!



“Todos somos Camões Camões somos todos nós”

12:21 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 “Todos somos Camões

Camões somos todos nós”



        Boas notícias! As turmas A e B do 9.º ano da ESBN participaram, no final do mês de maio, no concurso criativo “500 anos Camões”, promovido pela Ingka Centres Portugal, S.A., proprietária do centro comercial MAR Shopping Matosinhos. 

        Durante as aulas de Português, os alunos criaram poemas inspirados em Camões e na obra Os Lusíadas e o resultado não podia ter sido melhor: conquistaram os 1.º e 2.º lugares, respetivamente!

        Os prémios? Cheques-oferta de 500€ e 300€ em mobiliário e/ou acessórios IKEA para a escola.

        A entrega dos prémios aconteceu no MAR Lounge, MAR Shopping Matosinhos, no dia 10 de junho, com a presença dos alunos vencedores, dos seus familiares e de alguns professores da ESBN. 

        Parabéns aos nossos jovens poetas por esta aventura literária! 

        #BoaNovaEmGrande #Camões500 #MARShoppingMatosinhos #PoesiaNaEscola


Lídia Jorge – quem é?

11:52 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 Lídia Jorge – quem é?



         Lídia Jorge é uma importante romancista e contista portuguesa, mas também escritora de ensaios, poesia e crónicas e uma mulher de grande coragem. Nasceu em 1946, no Algarve, onde vive atualmente. Viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África (Angola e Moçambique), acompanhando o marido, durante o último período da guerra. Por nomeação do governo, foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Publica regularmente artigos na imprensa. O tema da mulher e da sua solidão é uma preocupação central da obra de Lídia Jorge, como, por exemplo, em Notícia da Cidade Silvestre (1984) e A Costa dos Murmúrios (1988). O Dia dos Prodígios (1979), outro romance de relevo, encerra uma grande capacidade inventiva, retratando o marasmo e a desadaptação de uma pequena aldeia algarvia. O Vento Assobiando nas Gruas (2002) é mais um romance da autora e aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes. Este seu livro venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 2003.

        Venceu o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas 2020.

        Com uma obra vastíssima, em 2022, a escritora publicou Misericórdia,  uma reflexão sobre a humanidade e uma homenagem à sua mãe, Maria dos Remédios, falecida durante a pandemia de Covid-19. Por este romance, foi distinguida com um conjunto de prémios, como o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (2022), o Prémio Eduardo Lourenço (2023), o Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues (2023), Prémio do PEN Clube Português de narrativa (2023) ou o Prémio Médicis estrangeiro (2023). 

        Em 2021, foi nomeada membro do Conselho de Estado, pelo Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, para o período de 2021 a 2026 e a convite do presidente foi, este ano, nomeada para presidir à comissão organizadora das comemorações do 10 de Junho em Lagos.


Lídia Jorge - discurso 10 de junho

11:36 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 Lídia Jorge – Discurso do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas




        “Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou." No dia de Portugal, Lídia Jorge expôs as dores do colonialismo português

        Num discurso em Lagos, a escritora e conselheira de Estado abordou "pecado dos Descobrimentos": "É indesmentível que os portugueses estiveram envolvidos num processo de escravização longo e doloroso."

        Eis o discurso da escritora Lídia Jorge nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Lagos:

        «Os países escolhem datas de referência para celebrarem a sua história, contemplando memórias de batalhas, ações de independência, encontros civilizacionais, momentos importantes em torno dos quais concitam a unidade dos cidadãos e promovem o orgulho patriótico.

        Mas, em Portugal, é a data da morte de um poeta que protagoniza o nosso momento cívico de unidade mais relevante.

        Muito se tem discorrido sobre o significado desta nossa singularidade e, muitas vezes, é difícil explicar que não se trata de um sinal de melancolia, mas sim do seu oposto.

        Há a assunção de que um poeta do século XVI nos legou uma obra tão vigorosa que acabou por ser adotada no seu conjunto como exemplo da vitalidade de um povo e que a própria biografia do seu autor se oferece como exemplo não só de um percurso português, mas se transformou em símbolo universal da nossa peregrinação prometeica sobre a terra.

        A fidelidade que Camões manteve em relação à pátria, quando se encontrava em paragens remotas, alimenta a simbologia que lhe é atribuída como exemplo da proximidade que os portugueses que se encontram longe mantêm com a sua cultura de origem.

        O país retribui-lhes, reconhecendo, desde há muito, que as comunidades portuguesas são o corpo essencial do nosso ser identitário.

        Mas as celebrações deste ano de 2025 têm um cunho muito particular. Em primeiro lugar, porque voltam a ter lugar na cidade de Lagos. No século passado, foi cidade anfitriã em 1996.

        Passados 29 anos, esta cidade do Algarve continua a ser democrática, livre, próspera.

        O que mudou e o que justifica que, de novo, tenha sido escolhida para ser palco das celebrações foi a nova consciência de que Lagos passou a representar um lugar obrigatório quando se pretende avaliar as relações entre os povos ao longo dos séculos.

        É sabido que Lagos, lugar de saída para a África e lugar do comércio prático, tem como símbolo complementar o Promontório de Sagres.

        A escassos 40 quilómetros de distância, Sagres e Lagos representam historicamente uma dualidade contrastiva cujo papel se encontra em avaliação.

        A comunicação digital que se afirmou a partir dos anos 90 permite agora uma divulgação ampla dos estudos que os arqueólogos, antropólogos e historiadores estão a realizar neste espaço geográfico designado por Terras do Infante.

        Era a altura de atribuir a Lagos, de novo, o estatuto de cidade vencedora e de apoiar estas celebrações de importância ou de interesse cultural.

        Mas há outro motivo para que, este ano, a celebração deste dia seja particular. Desde há dois anos que estamos a invocar o nascimento de Camões, ocorrido há 500 anos, presume-se que entre 1524 e 1525. Calcula-se que assim tenha sido, mas vale a pena refletir sobre o facto, pois, tal como não sabemos como decorreu a sua infância, nem a sua formação, também desconhecemos o local e o dia em que o poeta nasceu.

        Para sermos justos sobre a sua vida inicial, apenas podemos dizer o que um certo maestro célebre disse de Beethoven: Um dia Camões nasceu e nunca mais morreu. Nunca mais morreu.

        Provam-no a forma como, passados cinco séculos, tem sido revisitado ao longo destes dois últimos anos. As escolas, a academia, o mundo da edição, os vários campos das artes e das ciências humanísticas em Portugal têm dado rosto a toda uma espécie de comemoração espontânea e informal em torno do nosso poeta maior.

        Novos autores têm surgido, atualizando a exegese sobre os seus poemas e o conhecimento acumulado em torno da vida de Camões.

        O jovem ensaísta Carlos Maria Bobone pôs recentemente em relevo o papel decisivo que Camões desempenhou ao fixar uma língua nova à altura de um pensamento novo que resultaria definitivamente na Língua Portuguesa moderna que hoje usamos.

        Demonstrou como a língua portuguesa, manobrada no seu esplendor, resultou como uma dádiva que devemos ao grande cantor do Oceano, como lhe chamou Baltasar Estaço.

        Por sua vez, a biógrafa Isabel Rio Novo, numa visita recente, profusamente documentada que faz à vida de Camões, no final, não deixa de se comover com os testemunhos sobre os últimos dias do poeta, demonstrando que as histórias que correm sobre certos passos da sua vida, afinal, não são lendas, são verdades.

        O receio de sermos românticos não nos deveria afastar da realidade testemunhada. E assim, a mim, não me pareceria errado que os adolescentes portugueses conhecessem o comentário que Frei José Índio redigiu na margem de um exemplar d’Os Lusíadas, presumivelmente oferecido pelo próprio autor na hora de partir. Escreveu o frade: Yo lo vi morir en un hospital en Lisboa sem tener uma sábana com que cobrisse, despues de haver navegado 5.500 léguas per mar.

        Assim foi, sem um lençol. Terá sido um amigo quem lhe enviaria a sábana, já depois de morto.

        Não me parece que daí se devam retirar conceitos patrióticos ou antipatrióticos. Conceitos sobre a vida humana e seu mistério, isso, talvez.

        Entretanto, por contraste, sobre a obra que deixou, milhares de páginas de novo têm sido escritas, confirmando a dimensão invulgar do poeta que foi.

        Hélder Macedo, um dos seus leitores mais subtis, disse recentemente numa entrevista que, se Camões tivesse continuado a viver, ninguém mais em Portugal teria sido capaz de escrever um verso. Essa hipérbole é linda.

        Assim como é reconfortante saber que os professores deste país continuam a ler às crianças epigramas, redondilhas e vilancetes de Camões, como se fossem filos modernos, feitos de palavras, o que mostra que os portugueses continuam vivamente enamorados do seu poeta maior.

        Mas se o patrono destas celebrações é o poeta do virtuosismo verbal e do amor conceptual, o amor maneirista, o poeta do questionamento filosófico e teológico, como é em “Sôbolos rios que vão”, e o poeta dos longos versos enfáticos sobre o heroísmo dos viajantes do mar, ao regressarmos a todos esses versos, escritos há quase 500 anos, encontramos coincidências que nos ajudam a compreender que os tempos duros que atravessamos têm conformidade com os tempos em que o próprio viveu.

        Camões, tal como nós, conheceu uma época de transição, assistiu ao fim de um ciclo e, sobre a consciência dessa mudança, no conjunto das 1.102 oitavas que compõem Os Lusíadas, 22 delas contêm avisos explícitos sobre a crise que se vivia então.

        Aliás, hoje é ponto assente que o poema épico encerra um paradoxo enquanto género, o paradoxo de constituir um elogio sem limites à coragem de um povo que havia resultado da criação do Império e, em sentido oposto, conter a condenação das práticas que, passados 50 anos, impediam a manutenção desse mesmo Império.

        E nesse campo pode-se dizer que Os Lusíadas, poema que no fundo justifica que o dia de Portugal seja o dia de Camões, expressa corajosas verdades dirigidas ao rosto dos poderes que elogia.

        É bom lembrar que, entre os séculos XVI e XVII, três dos maiores escritores europeus de sempre coincidiram no tempo apenas durante 16 anos e, no entanto, os três desenvolveram obras notáveis de resposta ao momento de viragem de que eram testemunhas.

        Foram eles Shakespeare, Cervantes e Camões. De modo diferente, mas em convergência, procederam à anatomia dos dilemas humanos e, entre eles, os mecanismos universais do poder, corpus que continua válido e intacto até aos nossos dias: sobre o poder grandioso, o poder cruel, o poder tirânico, o poder temeroso e o poder laxista.

        No caso de Camões, de que se queixa ele quando interrompe o poema das maravilhas da história para lembrar a mesquinha realidade que envenenava o presente de então? Queixava-se da degradação moral, mencionava “o vil interesse e sede imiga/Do dinheiro, que a tudo nos obriga”, e evocava, entre os vários aspetos da degradação, o facto de sucederem aos homens da coragem que tinham enfrentado um mar desconhecido, homens novos, venais, que só pensavam em fazer cultura. Mais do que isso, queixava-se da subversão do pensamento, queixava-se da falta de seriedade intelectual, que resultava depois, na prática, na degradação dos atos do dia a dia.

        Escreve o poeta no final do canto oitavo: “Este deprava às vezes as ciências,/ Os juízos cegando e as consciências./ Este interpreta mais que sutilmente/ Os textos; este faz e desfaz leis;/ Este causa os perjúrios entre a gente/E mil vezes tiranos torna os Reis”.

        Na verdade, Camões, Cervantes e Shakespeare, de modos diferentes, expuseram os meandros da dominação, envolvidos com o tempo histórico dos impérios que viveram.

        Por essa altura, sobre os reis de Portugal, Espanha e Inglaterra, dizia-se que lutavam entre si pelo domínio do globo terrestre. Ou mais concretamente, dizia-se então que os três competiam para ver quem acabaria por pendurar a terra ao pescoço como se fosse um berloque.

        Os três autores perceberam bem que, em dado momento, é possível que figuras enlouquecidas, emergidas do campo da psicopatologia, assaltem o poder e subvertam todas as regras da boa convivência.

        Escreveu Shakespeare no ato IV do Rei Lear: “É uma infelicidade da época que os loucos guiem os cegos”.

        Enquanto isso, Cervantes criava a figura genial do alucinado Dom Quixote de La Mancha, que até hoje perdura entre nós como o nosso irmão ensandecido.

        Por seu lado, Camões, no corpo d’Os Lusíadas, não falou da loucura, mas a vida haveria de lhe demonstrar que as páginas escritas por si mesmo haviam sido proféticas, em resultado dela, da loucura. O desastre de Alcácer-Quibir, ocorrido em 1578, estava assinalado numa das últimas estrofes do Canto X. Era a história, como sempre, a confirmar o pressentimento experimentado pela literatura.

        No entanto, o fim do ciclo, que neste caso aqui interessa, não é mais uma transição localizada que diga apenas respeito a três reinos da Europa.

        Nos dias que correm, trata-se do surgimento de um novo tempo que está a acontecer à escala global. Porque nós, agora, somos outros.

        Deslocamo-nos à velocidade dos meteoros e estamos cercados de fios invisíveis que nos ligam para o espaço.

        Mas alguma coisa desse outro fim de século, que se seguiu ao tempo da Renascença malograda, relaciona-se com os dias que estamos a viver. O poder demente, aliado ao triunfalismo tecnológico, faz que a cada dia, a cada manhã, ao irmos ao encontro das notícias da noite, sintamos como a terra redonda é disputada por vários pescoços em competição, como se mais uma vez se tratasse de um berloque.

        E os cidadãos são apenas público, que assiste a espetáculos em ecrãs de bolso. Por alguma razão, os cidadãos hoje regrediram à subtil designação de seguidores. E os seus ídolos são fantasmas.

        É contra isso e por isso que vale a pena que Portugal e as Comunidades Portuguesas usem o nome de um poeta por patrono. Por isso mesmo, também vale a pena regressar a Lagos.

        Sobre estes areais, aconteceram momentos decisivos para o mundo.

        No início da Idade Moderna, Lagos e Sagres representaram tanto para Portugal e para a Europa que à sua volta se constituíram mitos que perduram. O Promontório e a silhueta do Infante austero que sonhou com o achamento de ilhas e outros descobrimentos, como parte de uma guerra santa antiga, e tudo realizou a poder de persistência férrea e sagacidade empresarial, transformou-se numa figura de referência como criador de futuros. À sua figura anda associado um sonho que se realizou e depois se entornou pela terra inteira e a lenda coloca-o a meditar em Sagres.

        Numa referência um tanto imprecisa, mas que permite a sua evocação, Sophia escreveu: “Ali vimos a veemência do visível/ o aparecer total exposto inteiro/ e aquilo que nem sequer ousáramos sonhar/ era o verdadeiro”.

        Esta ideia de que, na mente do Infante, se processou uma epifania, anda-lhe associada enquanto mentor de uma equipa mais ou menos informal que teve a capacidade de motivar e dirigir. Sagres passou, assim, para a história e para a mitologia como lugar simbólico de uma estratégia que mudaria o mundo.

        Mas existe uma outra perspetiva, como é sabido, e hoje em dia o discurso público que prevalece é, sem dúvida, sobre o pecado dos Descobrimentos e não sobre a dimensão da sua grandeza transformadora.

        É verdade que a deslocação coletiva que permitiu estabelecer a ligação por mar entre os vários continentes e o encontro entre povos obedeceu a uma estratégia de submissão e rapto, cujo inventário é um dos temas dolorosos de discussão na atualidade.

        É preciso sempre sublinhar, para não se deturpar a realidade, que a escravatura é um processo de dominação cruel, tão antigo quanto a humanidade.

        O que sempre se verificou foi diversidade de procedimentos e diferentes graus de intensidade.

        E é indesmentível que os portugueses estiveram envolvidos num novo processo de escravização longo e doloroso.

        Lagos, precisamente, oferece às populações atuais, a par do lado mágico dos Descobrimentos, também a imagem do seu lado trágico.

        Falo com o sentido justo da reposição da verdade e do remorso pelo facto de que se ter inaugurado o tráfico negreiro intercontinental em larga escala, como polos de abastecimento nas costas de África, e assim se ter oferecido um novo modelo de exploração de seres humanos que iria ser replicado e generalizado por outros países europeus até ao final do século XIX.

        Lagos expõe a memória desse remorso. Mostra como, num dia de agosto de calor tórrido de 1444, desembarcaram aqui 235 indivíduos raptados nas costas da Mauritânia e como foram repartidos e por quem.

        Alguém que, muito prezamos, encontrava-se em cima de um cavalo e aceitou o seu quinhão de 46 cabeças. Esse cavaleiro era nem mais nem menos do que o próprio Infante D.Henrique.

        Lagos não se furta a expor essa verdade histórica.

        Lagos também mostra o local onde depois levas sucessivas iriam ser mercadejados os escravos. E mais recentemente relata-se como eram atirados ao lixo quando morriam sem um pano a envolver os corpos. Até agora foram retirados desse monturo de Lagos os restos mortais de 158 indivíduos de etnia Banta.

        Lagos mostra esse passado ao mundo para que nunca mais se repita. Talvez por isso estejamos aqui,no dia de hoje.

        Aliás, a UNESCO criou a Rota do Escravo e inscreveu Lagos na Rota da Escravatura, para que saibamos como os seres humanos procedem uns com os outros, mesmo quando se fundamentam em religiões fundadas sob os princípios do amor e sob a lei dos direitos humanos.

        Lagos mostra esse filme e faz-se parente de quem escreveu na porta de um lugar de extermínio moderno o pedido solene: Homens não se matem uns aos outros.

        É verdade que só conhecemos o que sucedeu naquele dia 8 de agosto de 1444 porque o cronista do infante Dom Henrique o narrou. Eanes Gomes de Zurara não conseguiu evitar um sentimento de compaixão e comentou, de forma comovida, como a chegada e a partilha dos escravos era cruel. Felizmente que dispomos dessa página da “Crónica dos Feitos de Guiné” para termos a certeza de que havia quem não achasse justo semelhante degradação e o dissesse.

        Aliás, sabemos que sempre houve quem repudiasse por completo a prática e o teorizasse.

        O que significa que Lagos, a cidade dos sonhos do Infante de que Sagres é a metáfora, passados todos estes séculos, promove a consciência sobre o que somos capazes de fazer uns aos outros. Esta tornou-se, pois, uma cidade contra a indiferença.

        É uma luta nossa, contemporânea.

        Em Lagos, hoje em dia, está presente de outro modo a mensagem do cartoon de Simon Kneebone, datado de 2014, que tem corrido mundo.

        A cena é nossa contemporânea. Passa-se no mar. Num navio enorme, aparelhado com armas defensivas, no alto da torre, está um tripulante que avista ao longe uma barca frágil, rasa, carregada de migrantes.

        O tripulante da grande embarcação pergunta: de onde vêm vocês? Da lancha, apinhada, alguém responde: vimos da terra.

        Sugiro que os jovens portugueses, descendentes de cavadores braçais, marujos, marinheiros, netos de emigrantes que partiram descalços à procura de trabalho, imprimam este cartoon nas camisas quando vão ao mar.

        Consta que em pleno século XVII, 10% da população portuguesa teria origem africana.

        Essa população não nos tinha invadido. Os portugueses os tinham trazido arrastados até aqui. E nos miscigenámos.

        O que significa que por aqui ninguém tem sangue puro. A falácia da ascendência única não tem correspondência com a realidade. Cada um de nós é uma soma.

        Tem sangue do nativo e do migrante, do europeu e do africano, do branco e do negro e de todas as outras cores humanas. Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou. Filhos do pirata e do que foi roubado. Mistura daquele que punia até à morte e do misericordioso que lhe limpava as feridas.

        A consciência dessa aventura antropológica talvez mitigue a fúria revisionista que nos assalta pelos extremos nos dias de hoje, um pouco por toda a parte.

        Agora que percebemos que estamos no fim de um ciclo e que um outro se está a desenhar, e a incógnita existencial sobre o futuro próximo, ainda desconhecido, nos interpela a cada manhã que acordamos sem sabermos como irá ser o dia seguinte.

        A pergunta é esta: quando ficarem em causa os fundamentos institucionais, científicos, éticos, políticos e os pilares de relação de inteligência homem-máquina, entrarem num novo paradigma, que lugar ocuparemos nós como seres humanos? O que passará a ser um humano?

        Comecei por dizer que Camões nasceu e nunca mais morreu.

        Regresso à sua obra para procurar entender que conceito tinha a poeta sobre o que era um ser humano. Sobre si mesmo, toda a sua obra o revela como vítima da perseguição de todas as potestades conjugadas. A sua obra lírica é uma resposta a esse abandono essencial.

        Em conformidade com essa mesma ideia, ao terminar o canto I d’Os Lusíadas, Camões define o ser humano como um ente perseguido pelos elementos: “Onde pode acolher-se um fraco humano,/ Onde terá segura a curta vida/ Que não se arme, e se indigne o Céu sereno/ Contra um bicho da terra tão pequeno”.

        Nestes versos, se reconhece o conceito renascentista, o da grande solidão do ser humano e a sua luta estóica contra, centrada na confiança em si mesmo.

        Mas, na prática, essa atitude representava uma orfandade orgulhosa que facilmente a fortuna não reconhecia. Curiosamente, no final da vida, o corpo nu de Camões só teve um lençol, o oferecido, a separá-lo da terra. Igual à sorte do seu corpo, essa sorte não difere daquela que mereceram os corpos dos escravos aqui em Lagos.

        Mas entretanto, no século XIX, o direito à proteção beneficiada pelo Estado começou a emergir. Criaram-se documentos essenciais tendo em vista o respeito pelos cidadãos. Depois das duas guerras mundiais do século XX, foi redigida e aprovada a Carta dos Direitos Humanos e, durante algumas décadas, foi tentado implantá-los como código de referência um pouco por todo o mundo. Só que ultimamente regride-se a cada dia que passa.

        O conceito de representatividade respeitável da figura do Chefe de Estado, oriundo do povo grego, princípio que sustentou a trama purificadora das tragédias clássicas, a que se juntou depois o princípio da exemplaridade colhida dos Evangelhos, essa conduta que fazia com que o rei devesse ser o mais digno entre os dignos, está a ser subvertida.

        A cultura digital subverteu a regra da exemplaridade. O escolhido passou a ser o menos exemplar, o menos preparado, o menos moderado, o que mais ofende.

        Um Chefe de Estado de uma grande potência, durante um comício, pôde dizer: adoro-vos, adoro os pouco instruídos. E os pouco instruídos aplaudiram.

        Pergunto, pois, qual é o conceito hoje em dia de ser humano? Como proteger esse valor que até há pouco funcionava e não funciona mais?

        Hoje, dia de Portugal, de Camões e das comunidades, não será legítimo perguntar, sem querer ofender quem quer que seja, perguntar como manteremos a noção de ser humano respeitável, livre, digno, merecedor de ter acesso à verdade dos factos e à expressão da sua liberdade de consciência?

        Nós, portugueses, não somos ricos. Somos pobres e injustos. Mas, ainda assim, derrubámos uma longuíssima ditadura e terminámos com a opressão que mantínhamos sobre diversos povos e com eles estabelecemos novas alianças e criámos uma comunidade de países de língua portuguesa. E fomos capazes de instaurar uma democracia e aderir a uma união de países livres e prósperos que desejam a paz.

        Assim sendo, por certo que ainda não temos as respostas, mas, perante as incógnitas que nos assaltam, sabemos que temos a força.

        Leio Camões, aquele que nunca mais morreu, e comovo-me com o seu destino, porque se alguma coisa tenho em comum com ele, que foi génio, e eu não sou, é a certeza de que partilho da sua ideia, de que um ser humano é um ser de resistência e de combate. É só preciso determinar a causa certa.


        Muito obrigada.»


"Esta é a ditosa pátria minha amada"

11:21 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 

10 de Junho , Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas



        O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra a data de 10 de junho de 1580, data da morte do grande poeta Luís Vaz de Camões.

        A primeira referência ao dia 10 de junho com caráter festivo é no ano 1880 por um decreto real de D Luís I que declara "Dia de Festa Nacional e de Grande Gala" para comemorar, apenas nesse ano, os 300 anos da hipotética data da morte de Luís de Camões, 10 de junho de 1580. Só a 4 de janeiro de 1952 se procede à revisão dos feriados nacionais através do Decreto n.º 38.596. Este institui o dia 10 de Junho como "Dia de Portugal", consagrado à Festa Nacional, comemorativo de Camões, pelo alto valor nacional e pela projeção universal da obra do nosso grande poeta, na qual se consubstanciam os feitos heroicos dos Descobrimentos.


CAMÕES

Nem tenho versos, cedro desmedido,
Da pequena floresta portuguesa!
Nem tenho versos, de tão comovido
Que fico a olhar de longe tal grandeza. 

Quem te pode cantar, depois do Canto
Que deste à pátria, que to não merece?
O sol da inspiração que acendo e que levanto,
Chega aos teus pés e como que arrefece.

Chamar-te génio é justo, mas é pouco.
Chamar-te herói, é dar-te um só poder.
Poeta dum império que era louco,
Foste louco a cantar e louco a combater.

Sirva, pois, de poema este respeito
Que te devo e professo,
Única nau do sonho insatisfeito
Que não teve regresso!

Miguel Torga



não sei se o camões hoje 

não sei se o camões hoje teria escrito as suas rhythmas, 
começa porque não saberia ao certo quais eram e então não havia camonistas 

para discutirem a questão. e depois talvez não valesse a pena 
falar àquela gente. e os auditórios têm limites de paciência.

por exemplo, o dia em que eu nasci moura e pereça, 
diz-me o aguiar e silva, não é dele quase de certeza. 
e eu respondo: é tão bom que tem mesmo de ser dele. 
e o vítor ri, exclamando: você já está como o faria e sousa.

a ironia desta conversa é que ela se passava 
no instituto camões, calcule-se, somos ambos do conselho geral, 
tratando da expansão da língua portuguesa 
que se mais mundo houvera lá chegara

e estava uma tarde esplêndida de janeiro 
e se o camões estivesse ali não havia de acreditar 
que um de nós estivesse prestes a tirar-lhe um soneto 
o mais doutamente possível e o outro lho quisesse devolver,

invocando-lhe o som, a fúria e o sentido, 
nem que há séculos que as coisas se vão passando assim, 
tirando e pondo, invocando lições e testemunhos, 
e uns gajos de nome germânico, lachmann, storck,

e mais alguns. a moral da história é que um verso de camões 
com pouca variação é sempre um verso de camões, 
é a coisa mais bela e mais difícil do mundo 
e dá cá uma guinada tão especial que só pode ser dele.

Vasco Graça Moura

02 junho 2025

Engenho e Arte

10:52 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 "Engenho e Arte" - 500 anos do nascimento de Luís de Camões



A turma de Artes Visuais do 10.º ano da ESBN, com o seu engenho e a sua arte, pintou um mural, celebrando Luís de Camões e a sua obra.


Parabéns aos artistas e o nosso obrigado!


26 maio 2025

Assinatura digital gratuita para jovens

11:39 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

Jovens podem assinar gratuitamente uma publicação online 



        O governo português lançou uma iniciativa de louvar. 

        Jovens entre os 15 e os 18 anos, com residência em território nacional, podem subscrever gratuitamente uma assinatura digital de um jornal ou de uma revista de caráter generalista ou económico, à sua escolha, durante dois anos.

Como fazer a subscrição da assinatura digital gratuita?

        A adesão a este programa deve ser feita através do portal gov.pt Para isso, deve autenticar-se com a sua chave móvel digital ou com o cartão de cidadão. Cada jovem terá de preencher um formulário com informações como o número de identificação civil (cartão de cidadão), o número de identificação fiscal (NIF), a data de nascimento, o distrito e concelho de residência, o e-mail e a publicação periódica (jornal ou revista) que quer subscrever. 

        O jornal ou revista escolhido deve disponibilizar, no máximo de 72 horas, os códigos de ativação e instruções para concluir a subscrição da assinatura digital gratuita. Deve usar os códigos para fazer a ativação no prazo de 30 dias seguidos. Se não o fizer, os códigos caducam e vai ser preciso pedir uma nova subscrição.


        Aproveite e adira a esta iniciativa!

Engenho e Arte - Celebrar Camões

11:18 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 A música das palavras...as palavras da música



        Mais uma vez, aliámos a música às palavras e celebramos a poesia de um grande escritor, porventura o maior escritor português, um escritor clássico da nossa literatura. E clássico porquê? Porque um texto clássico é sempre o mais moderno dos textos e Camões é, ainda hoje e volvidos os 500 anos do seu nascimento, um autor que nos interpela e que nos fala como só os grandes escritores, os grandes poetas falam. Ele fala-nos acerca de angústias, esperanças, desesperos, inquietações e sentimentos, mas também sobre a Natureza, a mudança, a preocupação em relação ao mundo que o rodeia e aos valores que o norteiam, dúvidas filosóficas, questões religiosas.

        E é toda esta riqueza, toda esta variedade, este olhar o mundo de uma perspetiva inovadora que torna Camões tão atual e tão próximo de nós.

        E Camões, que viveu uma grande parte da sua vida desterrado, a partir da sua errância, deu-nos um novo olhar sobre o mundo, repensou Portugal e a condição de ser português, fundando os alicerces de uma língua, de uma literatura e de uma identidade cultural - veja-se a sua obra Os Lusíadas. Nenhuma outra epopeia é tão autêntica: tão carregada de vida, de destino, de história vivida, experimentada e sofrida. Nenhuma outra epopeia sintetiza tão bem a vida de um povo.

        Numa época em que muitas vezes o facilitismo, o efémero, a superficialidade são valorizados, estudar esta obra que põe a tónica na necessidade de esforço, de empenho, de entrega para se alcançar algo, sublinhando a importância do estudo e mostrando que o sacrifício faz parte da vida, que as lágrimas são o reverso da vitória, dando à vida uma dimensão mais profunda, é obviamente, fundamental no percurso dos adolescentes, contribuindo para a sua plena formação.

        Mas Camões escreveu também muitas Rimas, algumas das quais se ouviram neste momento poético.

        O nosso espetáculo teve três momentos que se seguiram um após outro harmoniosamente. Foram lidos textos de Manuel Alegre, de Bocage, de Sophia de Mello Breyner Andresen, de Miguel Torga, de Vasco Graça Moura e de José Tolentino Mendonça. Estes textos refletem uma pequena amostra do legado/influência de Luís de Camões. Ouviram-se, igualmente, uns excertos de Os Lusíadas, assim como alguma da sua poesia lírica.

        Foi, pois, nesse mundo de poesia, épica e lírica, que mergulhamos durante uma hora e meia, no espaço da Quinta de Santiago, um lugar privilegiado de Leça da Palmeira, localizado tão perto do mar e um espaço que acolhe arte e cultura. Por isso, e porque a vida de Luís Vaz de Camões esteve sempre ligada ao mar e ao mar longínquo do Oriente, citar José Tolentino Mendonça vem a propósito: “A poesia é um guia náutico perpétuo; é um tratado de marinhagem para a experiência oceânica que fazemos da vida; é uma cosmografia da alma.”

        Muito obrigada, a todos que quiseram partilhar connosco esta aventura poética…





19 maio 2025

Celebrar Camões

10:49 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments


       

 Mais uma vez, a ESBN e a Escola de Música de Leça de Palmeira realizam um espetáculo, na Quinta de Santiago, para celebrar o grande poeta português Luís Vaz de Camões.

        Apareça!

15 maio 2025

08 maio 2025

Língua portuguesa - Estudo autónomo

13:15 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

       



        Ebooks didáticos, concebidos com o objetivo de promover a aprendizagem e a prática da língua portuguesa de forma autónoma e, também, lúdica.

        As explicações audiovisuais convidam à reflexão sobre o funcionamento da língua, promovendo consciência e proficiência linguística.

        Estes conteúdos são, igualmente, um bom instrumento para estrangeiros que querem aprender português.

Português num minuto - dúvidas com verbos. Vol. I

Português num minuto - pares duvidosos. Vol. II

Missão: aprender português. Coleção de escape room PNLM- A1

06 maio 2025

Dia Mundial da Língua Portuguesa

20:38 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

 



        O dia 5 de maio é, desde novembro de 2019, o dia em que se celebra o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Este dia foi proclamado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), mas a Comunidade dos Países e Língua Portuguesa (CPLP) comemora, desde 20 de julho de 2009, o 5 de maio como o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, instituído pela XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade.

        O Dia Mundial da Língua Portuguesa e Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, em 2025, celebra-se sob o lema “A promoção e difusão da Língua Portuguesa e da diversidade cultural dos Estados-Membros da CPLP: das experiências tradicionais às plataformas digitais” e serão numerosas as manifestações culturais que, ao longo do mês de maio, ocorrerão um pouco por toda a parte. A poesia, a música clássica e a pintura farão a festa da Língua Portuguesa e ainda diversas mesas redondas que discutirão, em diferentes sessões, o “papel das novas tecnologias e plataformas digitais no reforço da promoção e difusão da Língua Portuguesa”.


Visitações

20:26 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

        




        Mais um “Visitações” e desta vez a Camões, integr4ando as comemorações dos 500 anos do seu nascimento.

        Os alunos do grupo de teatro da ESBN (uma das oito escolas que participaram neste evento) estão de parabéns!

         Foi um espetáculo de trabalho colaborativo e de entreajuda! O Teatro Nacional de São João está, igualmente, de parabéns pela iniciativa de incluir este tipo de trabalho na sua programação anual.


        Até para o ano!?







24 abril 2025

25 de Abril, sempre

11:15 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments




“25 de Abril”

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen


        Data importante para Portugal e os portugueses, o 25 de Abril de 1974 não pode ser esquecido e, por isso, a ESBN assinala esta efeméride.

        A Biblioteca tem à disposição de toda a comunidade escolar livros e revistas que nos relembram a importância de cultivar a democracia e o quanto é fundamental preservar a LIBERDADE conquistada.

        Visite a Biblioteca António Nobre!

        

OUTRA VEZ!

Uma vida fica - quase - justificada quando se pôde viver integralmente, um momento único como foi o 25 de Abril.

O problema é que estes não são momentos que se vivam e pronto, já passou, adeusinho, vamos ao resto.

Estes momentos deixam promessas, sementes, sonhos por despoletar.

Isso é que é o pior. Ou melhor, isso é que é o melhor. Mas quando as promessas não se cumprem, quando as sementes não germinam, quando os sonhos não explodem, aí a coisa torna-se amarga. Muito amarga mesmo.

Mais amarga ainda quando, vemos há anos esta gente tão pequenina a roer o sonho, a construir extraordinários naufrágios, a abotoar-se com a talha dourada da fé de ser português, a gente que gere esta nova ditadura sem rosto.

Bom mesmo era dizer como os meninos pequenos quando uma história chega ao fim: OUTRA VEZ! OUTRA VEZ! OUTRA VEZ!

Fica-me o sonho de que esses meninos cresçam e em vez de dizerem apenas: "Outra vez!", façam 

OUTRA VEZ ABRIL! OUTRA VEZ! OUTRA VEZ!

Nesse dia eu vou estar ao lado deles. Na rua. Claro. Só espero que não demorem muito.


José Fanha




 

23 abril 2025

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

15:13 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments




«Tudo aquilo parecem desenhos,

Mas dentro das letras estão vozes.

Cada página é uma caixa infinita de vozes.»


MIA COUTO, Mulheres de Cinza. As Areias do Imperador, Uma Trilogia Moçambicana


       

         “Livros, procuravam livros.

        Era o segredo mais bem guardado da corte egípcia. O Senhor das Duas Terras, um dos homens mais poderosos do momento, daria a vida (a dos outros, claro; é sempre assim com os reis) para conseguir todos os do mundo para a sua Grande Biblioteca de Alexandria. Perseguia o sonho de uma biblioteca absoluta e perfeita, a coleção onde reuniria todas as obras de todos os autores desde o início dos tempos.” 


Irene Vallejo. In O Infinito num Junco. 2021. Lisboa: Bertrand Editora.


        O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor celebra-se a 23 de abril, uma data definida em 1995, aquando da Conferência Geral da UNESCO que se realizou em Paris. Este dia é um marco simbólico na celebração da leitura e do prazer que esta nos oferece a cada viagem pelos livros.

        Todos os anos, durante este dia, são várias as celebrações, um pouco por todo o mundo, que promovem o gosto pela leitura, visando aumentar a consciencialização sobre o grande poder dos livros e a ligação que estes estabelecem entre o passado e o futuro, entre gerações e culturas.


        No dia 23 abril 1616 faleceu Miguel de Cervantes. Também no dia 23 abril, em 1899, nasceu Vladimir Nabokov. O dia 23 abril é, igualmente, recordado como o dia em que nasceu e morreu o famoso escritor inglês William Shakespeare.



        “Seríamos piores do que somos sem os bons livros que lemos, mais conformistas, menos inquietos e insubmissos, e o espírito crítico, o motor do progresso, nem sequer existiria.”


Mario Vargas Llosa


07 abril 2025

Exposição na Biblioteca: Camilo visto pelos alunos de Oficina de Artes

12:37 // by Biblioteca Escolar António Nobre // No comments

  Camilo visto pelos alunos de Oficina de Artes

        No âmbito do Projeto A(R)RISCAR, promovido pela AJUDARIS, os alunos do 12ºJ, na disciplina de Oficina de Artes participaram com a realização de ilustrações para comemorar o Bicentenário de Camilo Castelo Branco. O Projeto tem como objetivo despertar e promover o espírito criativo dos jovens através da arte. Neste ano de celebração, os alunos recriaram a obra, o autor e algumas curiosidades da vida de Camilo Castelo Branco. 


 

Beatriz Nunes | 12ºJ

        Neste trabalho, foi realizada uma caricatura com alguns elementos representativos da vida do escritor português Camilo Castelo Branco com recurso à técnica de linogravura para fazer uma impressão sobre papel.

        Os materiais utilizados foram: placa de linóleo, tinta de linóleo, goivas e prelos.

  

Catarina Crista | 12ºJ

        No âmbito da disciplina de Oficina de Artes, foi desenvolvida uma impressão em linóleo inspirada na vida e obra de Camilo Castelo Branco. Foi utilizado o Coração de Viana como símbolo do seu amor e sofrimento, uma rosa com espinhos remetendo para a obra "Amor de Perdição" e um padrão de azulejo tradicional para invocar a identidade cultural portuguesa. A composição traduz a intensidade emocional das suas histórias, unindo o simbolismo e a tradição para celebrar o bicentenário do escritor.



 Francisca Tavares | 12ºJ

        Trabalho realizado com recurso à técnica de linogravura, representando uma cena romântica da obra "Amor de Perdição", na qual Simão e Teresa vivem um encontro proibido, evidenciado pelo contraste dramático e pelos traços expressivos.

 

Gonçalo Castro | 12ºJ

        Este trabalho consiste na criação de um retrato simplificado de Camillo, utilizando a técnica de gravura em linóleo. O processo envolveu a transposição de uma imagem para a matriz de linóleo, simplificando os traços faciais e destacando as características mais marcantes do Camilo.


Laila Silva | 12ºJ

        Ilustração do retrato de Camilo Castelo Branco. Técnica/suporte: linogravura sobre papel. 


 Leonor Teixeira | 12ºJ

        Representação de um autorretrato de Camilo Castelo Branco, como se estivesse a ver o seu reflexo num espelho com um aspeto antigo e esculpido, simbolizando introspeção e o peso da sua trajetória. 

        Através da técnica de linogravura foram explorados contrastes dramáticos, com texturas detalhadas do rosto, cabelo e barba, além de um leve efeito de distorção no reflexo. O espelho simboliza a dualidade entre realidade e ilusão, capturando a inquietação e genialidade do autor. 



Maria Serra | 12ºJ

        Ao longo deste trabalho procurou-se representar Portugal através de diferentes elementos: ao centro a figura de Camilo Castelo Branco, ícone da literatura portuguesa; à sua volta usaram-se figuras de objetos ou edifícios associados à cultura portuguesa como as sardinhas.

        Técnica/suporte: Linogravura sobre cartolina. A cor lilás simboliza a fantasia na envolvência da obra "Amor de Perdição". 


Mariana Couto | 12ºJ

        Este trabalho consiste na criação de uma impressão em linogravura sobre cartolina representando Camilo Castelo Branco, um dos maiores escritores do século XIX em Portugal. O processo desenvolve-se desde a conceção do desenho até a impressão final, explorando técnicas da gravura em relevo para captar a expressividade e a personalidade do autor. 


 

Tomás Nery | 12ºJ

        Neste trabalho foi realizada uma caricatura do famoso escritor português Camilo Castelo Branco, utilizando a técnica de linogravura para fazer a impressão.