António Ramos Rosa
1924 - 2024
“Estou vivo e escrevo sol”
Valorizando a troca de experiências entre os diferentes poetas com quem se cruzou, Ramos Rosa dizia ter a “firme convicção de que a poesia não é o fruto de uma aventura verbal, mas uma constante inquirição do que na palavra é a dimensão do ser, ou seja, o que, transcendendo a palavra, é a palavra viva do desconhecido que a promove e que, por seu turno, é o seu incessante termo." (ROSA, António Ramos, "Um Espaço Indispensável à Poesia", in Letras & Letras, n.º 56, outubro de 1991).
Com uma obra poética imensa, António Ramos Rosa trabalhou muito sobre a linguagem sem nunca esquecer o empenhamento cívico.
A sua poesia é marcada pelo depuramento da linguagem, uma procura constante pela palavra exata e simples, transparente, mas assumindo uma função simbólica, num lirismo exigente e atento ao poder da palavra, arma denunciadora da opressão e defensora da liberdade. É uma poesia com despreocupação rimática, irregularidade estrófica e métrica, em que a metáfora marca presença de forma destacada.
António Ramos Rosa, o poeta que dedicou toda a sua vida à poesia, nasceu a 17 de outubro de 1924, em Faro, no Algarve, e morreu a 23 de setembro de 2013, em Lisboa.
Prémios recebidos
Prémio Literário da Casa da Imprensa, 1971
Prémio da Fundação de Hautevilliers para o Diálogo de Culturas (Prémio de Tradução), 1976
Prémio PEN Clube Português de Poesia, 1980
Prémio Nicola de Poesia, 1986
Prémio Jacinto do Prado Coelho, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, 1987
Prémio Fernando Pessoa, 1988
Grande Prémio de Poesia APE/CTT, 1989
Prémio da Bienal de Poesia de Liége, 1991
Prémio Jean Malrieu para o melhor livro de poesia traduzido em França, 1992
Prémio Municipal Eça de Queiroz, da Câmara Municipal de Lisboa (Prémio de Poesia), 1992
Grande Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen, 2005
Grande Prémio de Poesia Associação Portuguesa de Escritores/CTT - Correios de Portugal, 2006
Prémio Luís Miguel Nava, 2006.
Principais obras
O Grito Claro, 1958
Viagem Através duma Nebulosa, 1960
Voz Inicial, 1961
Sobre o Rosto da Terra, 1961
Poesia, Liberdade Livre, 1962
Ocupação do Espaço, 1963
Terrear, 1964
Estou Vivo e Escrevo Sol, 1966
A Construção do Corpo, 1969
Nos Seus Olhos de Silêncio, 1970
A Pedra Nua, 1972
Não Posso Adiar o Coração (vol.I, da Obra Poética), 1974
Animal Olhar (vol.II, da Obra Poética), 1975
Respirar a Sombra (vol.III, da Obra Poética), 1975
Ciclo do Cavalo, 1975
Boca Incompleta, 1977
A Imagem, 1977
A Palavra e o Lugar, 1977
As Marcas no Deserto, 1978
A Nuvem Sobre a Página, 1978
Figurações e Círculo Aberto 1979
A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979 -1980)
O Incêndio dos Aspetos, 1980
Declives e Le Domaine Enchanté, 1980
Figura: Fragmentos e As Marcas do Deserto, 1980
O Centro na Distância, 1981
O Incerto Exato, 1982
Quando o Inexorável e Gravitações, 1983
Dinâmica Subtil, 1984
Ficção e Mediadoras, 1985
Volante Verde, Vinte Poemas para Albano Martins e Clareiras, 1986
No Calcanhar do Vento, 1987
O Livro da Ignorância e O Deus Nu(lo), 1988
Três Lições Materiais e Acordes, 1989
Duas Águas, Um Rio (colaboração com Casimiro de Brito)
O Não e o Sim, Facilidade do Ar e Estrias, 1990
A Rosa Esquerda e Oásis Branco, 1991
Pólen- Silêncio e As Armas Imprecisas, 1992
Clamores e Dezassete Poemas, 1992
Lâmpadas Com Alguns Insetos, 1993
O Teu Rosto e O Navio da Matéria, 1994
Três, 1995
Delta e Figuras Solares, 1996
Nomes de Ninguém e Versões/Inversões, 1997
À mesa do vento seguido de As espirais de Dioniso, 1997
A imagem e o desejo e A imobilidade fulminante, 1998
Pátria soberana, seguido de Nova ficção, 1999
O princípio da água, 2000
As palavras, Deambulações oblíquas e O aprendiz secreto, 2001
O deus da incerta ignorância seguido de Incertezas ou evidências, 2001
Os volúveis diademas, Cada árvore é um ser para ser em nós e O sol é todo o espaço, 2003
Os animais do sol e da sombra seguido de O corpo inicial, 2003
Meditações metapoéticas, em colaboração com Robert Bréchon, 2003
O que não pode ser dito, 2003
Relâmpago do nada, 2004
Bichos, em colaboração com Isabel Aguiar Barcelos, 2005
Génese seguido de Constelações, 2005
Vasos Comunicantes, Diálogo Poético com Gisela Ramos Rosa, 2006
Horizonte a Ocidente e Rosa Intacta, 2007
Prosas seguidas de diálogos (única obra em prosa), 2011
Numa folha, leve e livre, 2013
Para saber mais...
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