Mais uma vez a leitura esteve em festa, no concelho de Matosinhos, com o Concurso Local de Leitura.
Foram 89 alunos de diversas escolas que, nos diferentes níveis de ensino, participaram neste concurso de leitura.
Parabéns à Íris e ao Rafael que tão bem representaram a ESBN!
Mas parabéns, também, a todos os alunos participantes!
“Ler, hoje, Camilo Castelo Branco”
A Semana da Leitura da ESBN realiza-se de 31 de março a 4 de abril.
Visita a Biblioteca!
Participa nas atividades promovidas pela Biblioteca António Nobre!
Realiza-se, amanhã, 28 de fevereiro, a fase final do Concurso Local de Leitura.
Este evento, que ocorrerá na Escola Secundária do Padrão da Légua, resulta de uma parceria da Biblioteca Municipal Florbela Espanca com as Bibliotecas Escolares do concelho de Matosinhos e tem como intuito principal promover a leitura nas crianças e jovens que frequentam as muitas escolas do concelho.
Dia do Livro Português
«O livro é, sobretudo,
um recipiente onde o tempo repousa.
Uma prodigiosa armadilha com a qual a inteligência
e a sensibilidade humana
venceram essa condição efémera, fluente,
que levava a experiência do viver
para o nada do esquecimento.»
Emilio Lledó, Los libros y la libertad
Celebrou-se, ontem, o Dia do Livro Português.
Esta efeméride foi criada pela Sociedade Portuguesa de Autores para destacar a importância do livro, da cultura e da língua portuguesa em todo o mundo.
A escolha do dia 26 de março para esta celebração prende-se com o facto de, neste dia, em 1487, se ter imprimido o primeiro livro em Portugal: o “Pentateuco”, em hebraico.
O primeiro livro escrito em português foi impresso no Porto, dez anos depois, a 4 de janeiro de 1497. Produzido pelo primeiro impressor luso, Rodrigo Álvares, o livro tinha o título de “Constituições que fez o Senhor Dom Diogo de Sousa, Bispo do Porto”.
A primavera
chegou à Biblioteca António Nobre!
Celebra-se, hoje, o equinócio da primavera, o primeiro dia da nova estação, que ocorreu às 9h01 – nesse preciso momento, o Sol estava na vertical sobre o equador da Terra e nasceu quase exatamente a leste e pôs-se a oeste.
A partir desta quinta-feira, entra-se oficialmente na primavera e ganha-se uma média de 4 minutos de sol por dia até 21 de junho, o solstício de verão.
Hoje o dia vai durar o mesmo que a noite!
Existem duas alturas em que o dia e a noite têm quase exatamente 12 horas de duração cada: uma em março e outra em setembro, ambas chamadas de equinócio. Como o planeta Terra tem uma órbita irregular em torno do Sol, essas datas variam de um ano para outro: a primeira ocorre entre 20 e 21 de março e a segunda entre 21 e 23 de setembro.
O fim do inverno no hemisfério norte corresponde, no hemisfério sul, ao início do outono.
Depois do Inverno, morte figurada,
A Primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.
Miguel Torga
Olhos postos na terra, tu virás
no ritmo da própria Primavera,
e como as flores e os animais
abrirás as mãos de quem te espera
Eugénio de Andrade
Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
Alberto Caeiro in "Quando Vier a Primavera"
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Dia do Mar
Está-se a Primavera trasladando
em vossa vista deleitosa e honesta;
nas lindas faces, olhos, boca e testa,
boninas, lírios, rosas debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
natura quanto pode manifesta
que o monte, o campo, o rio e a floresta
se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
possa colher o fruto destas flores,
perderão toda a graça vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
que semeasse Amor em vós amores,
se vossa condição produz abrolhos.
Luiz Vaz de Camões
Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus húmidos vapores,
A fértil Primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste.
Varrendo os ares o subtil Nordeste,
Os torna azuis: as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste.
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo.
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quando me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!
Manuel Maria Barbosa du Bocage, in Sonetos
Tempo de Poesia
Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia
António Gedeão. Poesias Completas (1956-1967).
Como se faz o poema
Para falarmos do meio de obter o poema,
a retórica não serve. Trata-se de uma coisa simples, que não
precisa de requintes nem de fórmulas. Apanha-se
uma flor, por exemplo, mas que não seja dessas flores que crescem
no meio do campo, nem das que se vendem nas lojas
ou nos mercados. É uma flor de sílabas, em que as
pétalas são as vogais, e o caule uma consoante. Põe-se
no jarro da estrofe, e deixa-se estar. Para que não morra,
basta um pedaço de primavera na água, que se vai
buscar à imaginação, quando está um dia de chuva,
ou se faz entrar pela janela, quando o ar fresco
da manhã enche o quarto de azul. Então,
a flor confunde-se com o poema, mas ainda não é
o poema. Para que ele nasça, a flor precisa
de encontrar cores mais naturais do que essas
que a natureza lhe deu. Podem ser as cores do teu
rosto - a sua brancura, quando o sol vem ter contigo,
ou o fundo dos teus olhos em que todas as cores
da vida se confundem, com o brilho da vida. Depois,
deito essas cores sobre a corola, e vejo-as descerem
para as folhas, como a seiva que corre pelos
veios invisíveis da alma. Posso, então, colher a flor,
e o que tenho na mão é este poema que
me deste.
Nuno Júdice | Geometria Variável | Publicações Dom Quixote, 2005
O Poema
O poema não é o canto
que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo
é a rosa
e é aquilo que cresce.
É o pensamento que exclui
uma determinação
na fonte donde ele flui
e naquilo que descreve.
O poema é o que no homem
para lá do homem se atreve.
Os acontecimentos são pedras
e a poesia transcendê-las
na já longínqua noção
de descrevê-las.
E essa própria noção é só
uma saudade que se desvanece
na poesia. Pura intenção
de cantar o que não conhece.
Natália Correia
Arte poética
Encontrei a poesia antes de saber que havia literatura. Pensava que os poemas não eram escritos por ninguém, que existiam em si mesmos, que eram como um elemento do natural, que estavam suspensos, imanentes. E que bastaria estar muito quieta, calada e atenta para os ouvir.
Desse encontro inicial ficou em mim a noção de que fazer versos é estar atento e de que o poeta é um escutador.
Sophia de Mello Breyner Andresen. “Arte poética IV”, Dual, in Obra Poética III, Lisboa: Caminho, 1991.
O poeta
Foi visto
(diversas vezes) com uma
caneta na mão. Nem
tentava disfarçar. Sentava-se à mesa consigo
(sempre
cingido de livros) e escutem:
o que fazia era
escrever poemas. Sei muito bem o que digo.
Ele fazia poemas. Os outros
passavam ao largo
(fugindo a qualquer pergunta) ele nem
sequer escondia o que ali estava a fazer. Ali
à frente de todos. Linhas e linhas escritas.
Não se limitava apenas a viver a sua vida.
Sei muito bem o
que digo. Aquilo eram
poemas.
João Luís Barreto Guimarães
Liberdade
O poema é
A liberdade
Um poema não se programa
Porém a disciplina
— Sílaba por sílaba —
O acompanha
Sílaba por sílaba
O poema emerge
— Como se os deuses o dessem
O fazemos
Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas
Ver claro
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade. Os Sulcos da Sede. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2021.
Camilo Castelo Branco
(1825 - 2025)
DIA DA ÁRVORE
O Dia Mundial da Árvore ou da Floresta celebra-se anualmente a 21 de março e tem como principal objetivo sensibilizar a população mundial para a importância da preservação das árvores, uma vez que estas são imprescindíveis quer para o equilíbrio ambiental e ecológico do planeta, quer para a própria qualidade de vida de todos os cidadãos.
Estima-se que 1000 árvores adultas absorvem cerca de 6000 kg de CO2 (dióxido de carbono) e sabe-se que 30% da superfície terrestre está coberta por florestas, através das quais se realiza a fotossíntese, isto é, a produção de oxigénio a partir de dióxido de carbono.
As florestas, em conjunto com as algas marinhas são consideradas os "pulmões do mundo": fazem a manutenção e renovação dos diferentes ecossistemas e assumem uma enorme importância em áreas estratégicas como a economia e a produção de bens e alimentos.
É, por isso, normal que todos os anos, no dia 21 de março, decorram diversas ações de arborização e reflorestação, em diversos locais do mundo.
Pela sua beleza poética sempre renovada, a natureza tem servido de estímulo criativo para muitas obras de arte ao longo dos tempos, seja na pintura, no desenho, na fotografia, na escultura ou na música. E a poesia não é exceção: nos mais variados locais do mundo, ao longo da história da humanidade, não faltam poemas inspirados nas sensações que as florestas e as árvores despertam no ser humano. Os seus sons, cores, perfumes, ritmos e até a sua longevidade têm sido musas inspiradoras para muitos poetas…
Aqui ficam alguns belos poemas.
Poema das árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto, dar flores.
António Gedeão, in “Obra Poética”
A fermosura desta fresca serra,
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;
O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do Sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;
Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos of’rece,
Me está se não te vejo magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias, mor tristeza.
Luís Vaz de Camões, in “Sonetos”
Como um vento na floresta,
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.
E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.
E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.
Fernando Pessoa, in “Poesias Inéditas”
A um carvalho
Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés
Vegetal!
Falou com Deus também,
E debaixo dos pés, inominada, tem
A lei da vida em pedra natural!
Forte como um destino,
Calmo como um pastor,
E sempre pontual e matutino
A receber o frio e o calor!
Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante…
Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olha a prece
Da eternidade
Eis o pai da montanha, o fálico pagão
Que se veste de neve e guarda a mocidade
No coração!
Miguel Torga, in “Diário V”
A um Negrilho
Na terra onde nasci há um só poeta.
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.
Esse poeta és tu, mestre da inquietação
Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!
Miguel Torga
Algumas proposições com pássaros e árvores que o poeta remata com uma referência ao coração
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam
movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Ruy Belo, in “Homem de Palavra(s)”
Árvore
Onde os frutos maduram:
sal e sol em minhas veias
luz e mel em boca alheia.
Onde plantei
a alta acácia das febres
eu mesmo me deitei,
para ser a raiz da semente,
e da madeira e seiva
se fez o meu corpo.
Agora,
Chove dentro de mim,
em minhas folhas se demoram gotas,
suspensas entre um e outro Sol.
Em mim pousam
cantos e sombras
e eu não sei
se são aves ou palavras.
Mia Couto, in “Vagas e Lumes”
Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses
António Ramos Rosa
São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas - irmão dos pássaros -,
perder-me no ar.
Eugénio de Andrade
É Primavera agora, meu Amor!
O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!
Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor
Da vida... não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!
Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheiro a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, à tua espera...
Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos...
Parecem um rosal! Vem desprendê-los!
Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...
Florbela Espanca
21 de março
O Dia Mundial da Poesia celebra-se a 21 de março desde 1999. Esta celebração foi criada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na sua 30.ª Conferência Geral, e tem como objetivo promover a leitura e a escrita, mas também a publicação e o ensino de poesia em todo o mundo, enfim, " para homenagear a poesia, promover a diversidade das línguas e intensificar os intercâmbios entre culturas […] já que, por meio da poesia, os idiomas ameaçados terão maiores possibilidades de se expressar dentro das suas comunidades respetivas”. Além disso, significa a “aceitação da palavra como elemento que socializa e estrutura a pessoa”, podendo “ ajudar os jovens a redescobrir valores essenciais” e, simultaneamente, a refletir sobre si mesmos.
Segundo este organismo, é fundamental "dar novo reconhecimento e impulso aos movimentos de poesia nacionais, regionais e internacionais".
Dar a voz à poesia é dar voz não apenas a quem a escreve, mas também a quem a lê e divulga ou até a quem a canta.
À maneira de uma cosmogonia
Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do homem e tão próximos ficaram, que ela se instalou no seu coração. E começaram a ver o mundo conjuntamente estabelecendo uma inseparável relação que perdurará para sempre. Não demorou muito a que a poesia se emancipasse, autonomizando-se. Como uma rosa de cujas pétalas centrípetas emana a beleza e o mais intenso perfume, sem nunca prescindir da defesa vigilante dos seus espinhos, assim cresceu livre a poesia carregada de silencioso mistério e sedução.
Evitou sempre a vaidade. Mas o vento da história, inapercebidamente, por vezes, demorou-se nela libertando o seu perfume, soltando os seus enigmas, fazendo-a avançar com todo o esplendor. E nada existe que a poesia não tenha experimentado, desde o mais recôndito silêncio do deserto, ao fragor das batalhas mais sangrentas. Da mais humilde das intimidades, ao luxo sinuoso do palácio. Com o tempo, e já depois da comunhão primordial, era o homem, por necessidade de uma comunicação maior, que a procurava e lhe abria o coração até que ela, muito discretamente, voltava a estremecer no seu sangue.
Poesia e homem criaram assim uma cúmplice e indissociável relação por todo o mundo, embora a História pouco se tenha disso apercebido. Hoje sabemos que haverá sempre seres humanos que a reconhecem pela substância do seu silêncio. Pelo tempo e lugar do seu rigor de ave de arribação. Pelo seu fulgor. Pelo seu perfume. Pela riqueza inesperada das suas sugestões. Com um pequeno gesto os poetas soltam o seu pólen que, levado pelas palavras vai eternamente fecundando os arcos da beleza que erguem o universo e o põem em comunicação com Deus. […]
E são da poesia as artes mais singulares de surpresa e de ocultação.[…]
Manuel Hermínio Monteiro. Rosa do Mundo 2001 Poemas para o futuro. Porto 2001. Lisboa: Assírio & Alvim.
"É que a poesia é espanto, admiração, como de um ser tombado dos céus em plena consciência da sua queda, atónito com as coisas. Como de alguém que conhecesse a alma das coisas e se esforçasse por rememorar esse conhecimento, lembrando-se de que não era assim que as conhecia, não com estas formas e nestas condições, mas de nada mais se recordando. […]”
Fernando Pessoa. Páginas Íntimas e de Autointerpretação. Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho. S. d. Lisboa: Edições Ática.
O Dia do Pi é comemorado anualmente no dia 14 de março.
A escolha desta data prende-se com o facto da notação americana das datas ser MM/DD e não DD/MM. Assim, nos Estados Unidos da América, a notação do dia 14 de março é 3/14, a aproximação mais conhecida de Pi (3,141592653589793238462643383...).
A primeira comemoração do Dia do Pi aconteceu em 1988, em São Francisco, no Museu Exploratorium. Larry Shaw, considerado por muitos o "Príncipe do Pi", foi o fundador desta data comemorativa. Desde então a comemoração tornou-se internacional e tem ganho cada vez mais seguidores. A ESBN junta-se às comemorações deste dia, com a realização de um concurso - “π a três D”, mas também com a distribuição de biscoitos em forma de Pi.
O Pi é o número mais famoso da história. É representado pela letra grega p, tem origem na relação entre o perímetro de uma circunferência e o seu diâmetro. Curiosamente, embora seja um número, não pode ser escrito com um número finito de algarismos.
Camilo Castelo Branco
1825 - 2025
O AUTOR E A SUA OBRA
- Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa em 1825 e suicida-se em 1890, em S. Miguel de Seide.
- Aos dez anos, órfão de mãe e de pai, vai viver com uma tia em Vila Real, o que muito influenciará Camilo: as paisagens do Norte, a religiosidade, bem como o ambiente das cidades de província deixarão as suas marcas que se refletem, mais tarde, na sua produção literária.
- Em 1841, casa, com apenas dezasseis anos, com Joaquina Pereira de França, da qual tem uma filha, tendo-as abandonado em 1842.
- Em 1845, faz as suas primeiras tentativas literárias.
- Leva uma vida boémia e turbulenta, envolvendo-se em várias aventuras amorosas e em desacatos que agitaram a sociedade portuense, da qual Camilo tem um conhecimento profundo.
- Em 1850, deixa-se dominar totalmente pela paixão por Ana Plácido, mulher casada, o que lhe valeu a prisão na Cadeia da Relação do Porto, em 1860, cadeia que a jovem também conheceu, acusada pelo marido de adultério. É, também, em 1850 que escreve Anátema, a primeira novela importante da sua obra.
- Em 1854, inicia a publicação da novela folhetinesca Mistérios de Lisboa.
- Durante o cárcere, Camilo escreve Romance de um Homem Rico e Amor de Perdição.
- Libertados em 1861, iniciaram a sua vida em comum, primeiro no Porto, mas logo em seguida em Lisboa, uma vez que a rejeição social cedo se manifestou.
- Em 1864, instalam-se em S. Miguel de Seide, onde vivem uma vida de certa forma atribulada e dramática, marcada pela doença, loucura e morte dos filhos.
- Para alimentar a família, escreve febrilmente, tendo publicado, entre outras obras, Vinte Horas de Liteira, Luta de Gigantes, O Retrato de Ricardina, Eusébio Macário e A Corja.
- Doente, cego e desesperado, suicida-se a 1de junho de 1890.
- Camilo Castelo Branco é, talvez, o mais popular romancista da literatura portuguesa e o primeiro a viver exclusivamente da sua escrita.
CAMILO E O SEU TEMPO
Camilo atravessou toda a época romântica, sendo considerado a grande figura do segundo Romantismo português, movimento que é associado ao período da Regeneração.
É um período de desenvolvimento em Portugal que vê a agricultura a desenvolver-se, a indústria a evoluir, as estradas e o caminho-de-ferro a surgirem, permitindo o alargamento das comunicações. É também por esta altura que surgem as ideologias socialistas e republicanas, sendo, igualmente, visível a expressão da classe operária. É, assim, uma época de contrastes aquela em que vive Camilo e a ela o escritor não ficou imune. “Deste modo, o quotidiano vivido pelos vários grupos sociais do Portugal de Oitocentos, saído das invasões francesas e das lutas liberais, mas ainda preso, sobretudo em certos meios da burguesia portuense e da pacatez patriarcal das Províncias do Norte, e, por isso mesmo, em permanente conflito de gerações, classes e interesses, transforma-se para o romancista numa inesgotável série de «romances inéditos de portas adentro», expressão usada, já em 1857, pelo narrador das Cenas da Foz.” (Aníbal Pinto de Castro, «Da realidade à ficção na novela camiliana». Tellus. Julho de 1987. In Maria Aparecida Ribeiro. História Crítica da Literatura Portuguesa – Realismo e Naturalismo. Vol. VI. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo).
Elsa Machado de Freitas, Isabel Gomes Ferreira. Preparar os Testes 11.
Porto: 2020. Areal Editores.
Escritas no feminino
Por ocasião da celebração do Dia Internacional da Mulher, está patente na Biblioteca António Nobre a exposição Escritas no Feminino.
Visita a Biblioteca!
Dia Internacional da Mulher
8 de março
Este dia, dedicado a todas as mulheres e meninas do planeta, celebra-se desde 1975, embora só em dezembro de 1977 se tenha tornado a data oficialmente reconhecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Com esta celebração, pretende-se relembrar o caminho já feito em relação à igualdade de direitos, mas também relembrar o muito que há ainda a fazer. O tema deste ano é, assim, «Para todas as mulheres e meninas: direitos, igualdade, empoderamento».
Apesar de se terem verificado muitos progressos nas últimas décadas na UE, a violência e os estereótipos baseados no género continuam a existir. As mulheres continuam a ser vítimas de violência física e/ou sexual, continuam a ganhar cerca de 16% menos que os homens e representam uma baixa percentagem (8%) dos cargos de presidente executivo de grandes empresas.
Há, pois, muito a fazer! E todos(as) devemos contribuir para essa mudança tão justa e tão desejada!