A primavera
chegou à Biblioteca António Nobre!
Celebra-se, hoje, o equinócio da primavera, o primeiro dia da nova estação, que ocorreu às 9h01 – nesse preciso momento, o Sol estava na vertical sobre o equador da Terra e nasceu quase exatamente a leste e pôs-se a oeste.
A partir desta quinta-feira, entra-se oficialmente na primavera e ganha-se uma média de 4 minutos de sol por dia até 21 de junho, o solstício de verão.
Hoje o dia vai durar o mesmo que a noite!
Existem duas alturas em que o dia e a noite têm quase exatamente 12 horas de duração cada: uma em março e outra em setembro, ambas chamadas de equinócio. Como o planeta Terra tem uma órbita irregular em torno do Sol, essas datas variam de um ano para outro: a primeira ocorre entre 20 e 21 de março e a segunda entre 21 e 23 de setembro.
O fim do inverno no hemisfério norte corresponde, no hemisfério sul, ao início do outono.
Depois do Inverno, morte figurada,
A Primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.
Miguel Torga
Olhos postos na terra, tu virás
no ritmo da própria Primavera,
e como as flores e os animais
abrirás as mãos de quem te espera
Eugénio de Andrade
Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
Alberto Caeiro in "Quando Vier a Primavera"
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Dia do Mar
Está-se a Primavera trasladando
em vossa vista deleitosa e honesta;
nas lindas faces, olhos, boca e testa,
boninas, lírios, rosas debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
natura quanto pode manifesta
que o monte, o campo, o rio e a floresta
se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
possa colher o fruto destas flores,
perderão toda a graça vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
que semeasse Amor em vós amores,
se vossa condição produz abrolhos.
Luiz Vaz de Camões
Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus húmidos vapores,
A fértil Primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste.
Varrendo os ares o subtil Nordeste,
Os torna azuis: as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste.
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo.
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quando me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!
Manuel Maria Barbosa du Bocage, in Sonetos
0 comentários:
Enviar um comentário